23/06/2010

Violência Policial na Amadora, notícia TVI24.pt

O relato, pormenorizado, começou a ser divulgado na internet como mais um crime de abuso policial. Dois jovens, Jakilson Pereira de 26 anos (rapper conhecido como Hezbollah) e Flávio Almada de 27 anos (também rapper e conhecido como LBC) dizem ter sido agredidos e ameaçados por vários agentes da PSP.
Contactados pelo tvi24.pt, afirmam que o caso aconteceu na madrugada de domingo 13 de Junho, pouco antes as 5:00. «Tinha havido uns problemas entre o meu amigo e uns jovens, mas já estava resolvido», começa por contar Flávio Almada. Explica depois que, nessa altura, chegou um carro da polícia. «Eu não estava envolvido em nada e por isso nem corri. Não fiz nada».
«Eles correram depois atrás dele com uma arma na mão» - explicou depois - «Eu ainda disse que ele estava desarmado, mas um disparou um tiro». Continua a contar que os agentes agarraram Jakilson Pereira e começaram a dar-lhe pontapés. «Eu disse: "não podem bater-lhe". E foi quando vieram atrás de mim e algemaram-me, puseram-me um pé em cima da cabeça e começaram a dar-me pontapés».
Contam depois que foram levados para a esquadra, onde as agressões continuaram ao ponto de Jakilson Pereira ter vomitado na sequência dos socos. «Depois pegaram nele e arrastaram-no para trás e para a frente, como se fosse um pano de chão em cima do vómito», continuou a relatar Flávio Almada.
Os dois jovens foram depois libertados, mas informados de que deveriam comparecer em tribunal, onde foram ouvidos por ofensas à integridade física a agentes de autoridade, tendo-lhes sido aplicada a medida de coação termo de identidade e residência.
«Há muito tempo que eles andam atrás de mim. Isto foi só um pretexto»
«Eu não percebo o que se passou porque eu não fiz nada», garantiu Flávio Almada. Mas, para Jakilson Pereira, a explicação é clara. «Eles andam atrás de mim desde que eu comecei a fazer barulho por eles baterem e matarem pessoas que não fizeram nada» [o rapper foi um dos presentes numa manifestação aquando da morte de jovem pela polícia na Amadora].
«Há muito tempo que eles andam atrás de mim. Isto (desacatos ocorridos naquela noite) foi só um pretexto», garantiu Jakilson Pereira, que conta que, noutra situação, agentes da PSP o agrediram e «partiram o nariz», tendo-o depois acusado de agressão. «Foram para tribunal mas não tinham provas, por isso, nem o juiz nem o Ministério Público acreditaram», explicou, contando que a sentença que o absolveu foi conhecida há cerca de um mês.
Tanto Jakilson Pereira como Flávio Almada garantem que vão apresentar queixa contra os agentes. «Eles já ameaçaram que eu um dia ia aparecer morto. Sei que tenho a vida em risco, mas não vou morrer como um cobarde», garante.

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