Ao pai do jovem que se encontra hospitalizado, a polícia recusa identificar os agentes presentes no local do espancamento. Vasco Dias ficará internado durante 3 semanas. Bloco questiona Ministro da Administração Interna.
Vasco Dias depois da intervenção cirúrgica. Foto de Filipa Gonçalves.
O jovem estudante não pode falar nem relatar o que aconteceu, uma vez que teve de ser submetido a uma cirurgia ao maxilar fracturado devido às agressões. Uma amiga sua, Filipa Gonçalves, visitou-o esta tarde e contou ao esquerda.net que Vasco se encontra agora internado no Hospital de S. José, em Lisboa. A recuperação do jovem durará três semanas, durante as quais permanecerá no hospital com a boca imobilizada, “tendo de se alimentar através de uma palhinha”. Para além de condicionado fisicamente, Filipa Gonçalves disse que encontrou o amigo “muito perturbado e fragilizado por causa do que aconteceu”.
O pai do estudante hospitalizado, trabalhador emigrante na Suíça, deslocou-se a Lisboa para acompanhar o filho e esteve, esta quarta-feira, na esquadra da Praça do Comércio para onde foram levados os dois jovens. Foi recebido pelo Chefe Borralho que repetiu a versão policial já divulgada na imprensa de que “nada aconteceu, nem na rua, nem na esquadra”. Para além disto, a PSP recusou ao pai do Vasco a entrega de um pedido de identificação do grupo de agentes presentes no local do espancamento.
Ao jornal Público, a PSP contou a sua versão dos factos: “Os jovens foram abordados porque houve uma comunicação de uma moradora que se queixava do barulho feito por jovens que estavam a pontapear caixotes do lixo na rua”, explica fonte da polícia. O agente que se deslocou ao local às 3h15, “devidamente identificado”, advertiu a jovem mas ela “recusou-se a acatar a ordem” e “recusou identificar-se”, sublinha a mesma fonte. “Os jovens foram levados para a esquadra porque não quiseram identificar-se no local”, garante a polícia. E acrescenta: “não lhes foi dado qualquer tipo de assistência porque não houve agressões por parte de nenhum dos agentes”.
Esta versão é integralmente contestada pelos jovens estudantes que reafirmam que em nenhum momento os agentes da polícia aceitaram identificar-se. As marcas das agressões são bem visíveis e falam por si.
A deputada Helena Pinto, do Bloco de Esquerda, já dirigiu ao Ministro da Administração Interna uma pergunta para esclarecer urgentemente o que se passou com os jovens por considerar “evidente que a abordagem dos agentes da PSP excedeu em muito a necessidade objectiva de “controlar dois jovens que faziam muito barulho” e teve consequências muito graves”.
Na pergunta, a deputada do Bloco refere que “persistem relatos de cenas de violência policial completamente despropositada e sem nenhuma explicação directa” e que “estas cenas colocam em causa direitos fundamentais dos cidadãos que a PSP deveria proteger e não são admissíveis numa sociedade democrática”.
Neste sentido, o Bloco pergunta ao Ministério da Administração Interna (MAI) sobre as medidas que este irá tomar, de modo a identificar estes agentes da PSP e se irá proceder disciplinarmente e criminalmente. Além disso, Helena Pinto pergunta também sobre as medidas que o MAI irá implementar “de modo a colocar um fim aos abusos de uso da força por parte de agentes da PSP”.
Na foto, as marcas de agressão no braço de Laura Diogo.
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