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Dois jovens garantem que foram espancados, na madrugada desta terça-feira, no Bairro Alto, em Lisboa, por vários polícias, tendo sido uma das vítimas obrigada a uma intervenção cirúrgica ao maxilar.
Vasco Dias, 19 anos, e Laura Diogo, 18 anos, encontravam-se perto do Largo Camões quando a jovem começou a fazer «percussão» num caixote do lixo. «Um indivíduo à civil, que não se identificou, começou a mandar-me calar em tom agressivo e a chamar-me nomes. Até me deu um estalo», contou Laura ao tvi24.pt.
Eram cerca das 3h30 e surgiram então «mais polícias», «com a farda azul da PSP», mas que «não estavam identificados». «Eu tentei olhar para as placas com os nomes e não as vi», garantiu.
O jovem tentou ajudar a amiga, mas, segundo esta, «atiraram-no para o chão e espancaram-no», enquanto ela própria era alvo de mais agressões. «Nem falaram com ele. E depois fomos algemados e levaram-nos para a esquadra da Praça do Comércio num carro normal da PSP», acrescentou.
Laura não foi identificada e tentou falar com os pais, mas negaram-lhe qualquer telefonema porque «não estava detida, logo não tinha direitos». Os dois estudantes estiveram cerca de uma hora na esquadra, «com os polícias sempre a insultarem-nos e a mandarem-nos calar». Confirmou ainda que o «indivíduo à civil» era, afinal, um agente, porque o viu depois na esquadra.
Vasco foi separado da amiga, porque «quis apresentar queixa», e tudo terminou com um outro agente «à paisana» a «acalmar as coisas» e a mandá-los embora. Os jovens apanharam então um táxi para o hospital de S. José e Vasco Dias teve mesmo de ser submetido a uma cirurgia porque se encontrava com o maxilar fracturado, conforme confirmaram fontes hospitalares ao tvi24.pt.
«Eu vou fazer queixa. Estou neste momento no hospital, onde me vão fazer exames porque tenho alguns ferimentos superficiais e depois vou apresentar queixa», reforçou Laura.
O tvi24.pt tentou contactar Vasco Dias para confirmar em que modos a queixa foi apresentada, mas o jovem, que continua internado, não consegue falar. «Durante duas a três semanas ele vai ter de estar de boca fechada e come por uma palhinha», revelou Filipa Gonçalves, uma amiga que visitou o alegado agredido.
Da parte da PSP, ainda não foi possível obter qualquer informação, com várias fontes a garantirem não ter qualquer «conhecimento» do incidente. No entanto, ficou a garantia de que esta quarta-feira será emitido um comunicado com esclarecimentos.
Ao que o tvi24.pt apurou, o Bloco de Esquerda está a preparar uma posição sobre o caso e poderá haver mesmo uma interpelação ao ministro da Administração Interna.
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