31/05/2010

Mais cinco pessoas espancadas por agentes da PSP no Bairro Alto

Pedro Pereira e Alexandre Gonçalves, dois dos agredidos pela PSP no Bairro Alto na madrugada de domingo
Pedro Pereira e Alexandre Gonçalves, dois dos agredidos pela PSP no Bairro Alto na madrugada de domingo
Alexandre Gonçalves, um fotojornalista que passava naquela que é uma das zonas mais movimentadas de Lisboa nas noites de fim de semana, explicou ao Movimento Contra a Violência Policial como se viu envolvido num autêntico pesadelo pela Polícia de Segurança Pública.
Estivemos presentes todo o dia no DIAP à espera da audiência em que os próprios agredidos vão ser acusado de agressão pelo agentes da PSP que, como confirmámos, não têm um único arranhão.  TVI já divulgou o caso, Público e SIC estiveram hoje no DIAP a recolher informações também.
"Vinha a passar na rua quando vi uma rapariga deitada no chão, com um pé dum polícia em cima da cabeça e outros agentes a baterem-lhe violentamente", relata Alexandre, que de imediato tirou a máquina fotográfica e recolheu imagens do espancamento em plena via pública.
"Quando me viram a tirar fotografias, vieram direitos a mim, tiraram-me a máquina e o cartão de memória e agrediram-me também", conta o fotojornalista, que seria algemado e levado para a esquadra do Bairro Alto. Várias pessoas assistiram incrédulas ao que estava a acontecer e três delas acabaram também por ser detidas e agredidas pela PSP já no interior da esquadra.
"Sei quais são os meus direitos e eles sabem que posso fotografar na rua. Se eles achassem que estavam a cumprir o seu dever como a lei obriga, que necessidade tinham de vir atrás de mim?", questiona o fotojornalista, ainda impressionado com a violência a que assistiu na esquadra e que deixou os outros detidos muito maltratados.
Agora pretendem apresentar queixa contra os agentes agressores e divulgar por todos os meios a violência de que foram vítimas, para acabar com a impunidade.

30/05/2010

Concentração contou com mais de 100 pessoas

Ao som de batuques, mais de 100 pessoas participaram na concentração pacífica contra a violência policial no Largo Camões, em Lisboa. O protesto foi agendado na sequência das agressões policiais desta semana que vitimaram dois jovens estudantes no Bairro Alto, um deles submetido a intervenção cirúrgica com a mandíbula fracturada.
"Como eles, muitas pessoas já foram vítimas de crimes policiais, mas pouco ou nada é feito. A regra é a impunidade", diz o comunicado que foi lido na concentração. "Com a impunidade perdemos todos: vítimas de abuso policial e os agentes que não cometem abusos", prossegue o texto, apelando à "condenação dos culpados destes crimes e sua substituição por agentes que cumpram a lei e que tenham uma formação adequada: humanista, defensiva e respeitadora dos cidadãos".
Noutra intervenção, foram recordados alguns dos casos mais recentes de abuso policial, como o que levou à morte do rapper Nuno Rodrigues (MC Snake), baleado mortalmente pelas costas quando conduzia o automóvel. A primeira versão da PSP dizia que não tinha obedecido à ordem de paragem numa operação stop, vindo mais tarde a investigação a concluir que o rapper nem sequer passou pela referida operação stop em Alcântara. Também foram referidos os incidentes de sábado na baixa de Lisboa, quando a polícia dispersou violentamente dezenas de pessoas que assistiam indignadas à prisão de um homem após um desentendimento com o empregado do café onde estava.
A deputada do Bloco Helena Pinto esteve presente nesta concentração e interveio para prestar solidariedade aos jovens agredidos e a todas as vítimas do abuso policial e para informar das iniciativas que tomou para que o ministro da administração interna, enquanto responsável político pela actuação das forças de segurança, venha dar explicações para o que aconteceu. Até agora, apenas o comando da PSP se pronunciou, negando ter havido qualquer violência exercida sobre os dois jovens e recusando comentar os ferimentos que ambos apresentaram no hospital, logo após terem sido libertados da esquadra da PSP.

28/05/2010

Concentração Pacífica contra a violência policial


Na madrugada de 25 de Maio, Vasco Dias e Laura Diogo, estudantes da FCSH foram brutalmente espancados por agentes da PSP. A justificação era estarem a fazer “demasiado ruído”. Foram depois levados para uma esquadra onde não puderam fazer sequer um telefonema. Foram “interrogados” e depois postos na rua sem mais explicações. O Vasco teve de ser internado de urgência com a mandíbula fracturada.
Como eles, muitas pessoas já foram vítimas de crimes policiais, mas pouco ou nada é feito. A regra é a impunidade. Ainda este ano a Amnistia Internacional voltou a fazer essa denúncia sobre Portugal. Com a impunidade perdemos todos: vítimas de abuso policial e os agentes que não cometem abusos.
Esta CONCENTRAÇÃO PACÍFICA tem como objectivo alertar a opinião pública para estes casos. Queremos a condenação dos culpados destes crimes e sua substituição por agentes que cumpram a lei e que tenham uma formação adequada: humanista, defensiva e respeitadora dos cidadãos. Têm de aplicar a lei segundo as regras a que estão sujeitos como profissionais.

Para haver segurança, em vez de medo tem que haver confiança. Não só no Bairro Alto, mas em todos os bairros, de todo o país.
Contra o abuso policial, respondemos com uma mensagem de paz.

Obediência à opressão: NÃO!!

Pensemos no seguinte: O primeiro agente de autoridade que aborda Laura Diogo, se fosse um bom profissional, teria levado Laura para a esquadra por desacato à autoridade e teria razão para o fazer! Se ele tivesse cumprido o seu dever, nunca falariamos deste caso e se o fizessemos seria em louvor da policia. Contudo a policia não reagiu da forma que deveria e nem tentou agir dentro da lei e é contra isto que nos insurgimos!! E pior, mais uma vez a PSP recusa-se agora a admitir que houveram sequer agressões! A violência policial de alguns agentes, encoberta pela PSP, inevitavelmente gera as mais graves violações aos direitos humanos e à cidadania, que são elementos inerentes ao regime democrático e denegridem mais uma vez o nome de uma instuição que deveria ser admirada e respeitada. Este facto so vem abalar mais uma vez a confiança dos cidadaos na PSP motivo pelo qual consideramos urgente um debate/discussão em relação a selecção/preparação/condições/ papel das forças armadas e policiais do Estado e tentarmos todos juntos encontrar solucões para um problema que abala os alicerçes de um Estado de Direito.

PSP nega agressões


O pai do estudante hospitalizado Vasco Dias, trabalhador emigrante na Suíça, deslocou-se a Lisboa para acompanhar o filho e esteve, esta quarta-feira, na esquadra da Praça do Comércio para onde foram levados os dois jovens. Foi recebido pelo Chefe Borralho que repetiu a versão policial já divulgada na imprensa de que “nada aconteceu, nem na rua, nem na esquadra”. Para além disto, a PSP recusou ao pai do Vasco a entrega de um pedido de identificação do grupo de agentes presentes no local do espancamento.

Ao jornal Público, a PSP contou a sua versão dos factos: “Os jovens foram abordados porque houve uma comunicação de uma moradora que se queixava do barulho feito por jovens que estavam a pontapear caixotes do lixo na rua”, explica fonte da polícia. O agente que se deslocou ao local às 3h15, “devidamente identificado”, advertiu a jovem mas ela “recusou-se a acatar a ordem” e “recusou identificar-se”, sublinha a mesma fonte. “Os jovens foram levados para a esquadra porque não quiseram identificar-se no local”, garante a polícia. E acrescenta: “não lhes foi dado qualquer tipo de assistência porque não houve agressões por parte de nenhum dos agentes”.


Esta versão é integralmente contestada pelos jovens estudantes que reafirmam que em nenhum momento os agentes da polícia aceitaram identificar-se. As marcas das agressões são bem visíveis e falam por si.

O caso

As vítimas, Vasco Rafael Neves Dias, de Ourém, 19 anos, e Laura Alves Diogo, Lisboa, 18 anos, no dia 25, por volta das 3h, saíram de um jantar de turma, no Bairro Alto Estavam a caminho do Cais do Sodré para apanhar o autocarro.

Pararam na Calçada do Combro, perto da Caixa Geral de Depósitos, numa esquina, a conversar. A Laura começou a cantar e a marcar o ritmo com o caixote de lixo. Um policia, de forma agressiva, disse para a Laura parar, porque o caixote não lhe pertencia e virou costas. A Laura continuou a cantar e o agente regressou, em passo acelerado, ofendendo-a, chamando-lhe nomes, empurrando-a e projectando-a para o chão. Na mesma altura surgiu um carro da policia, do qual saíram três agentes, um fardado e os restantes à civil.

Laura pediu identificação ao agente que a empurrou. Este retirou a identificação obrigatória e guardou-a. Vasco pediu ao agente para não fazer mal à Laura e, nesse momento, os três agentes, um deles fardado, atiraram Vasco para o chão, deram-lhe pontapés na cara e em toda a cabeça, bem como no resto do corpo, não conseguindo a vítima descrever se foi com o bastão ou com as mãos. Assim aconteceu até algemarem o Vasco. Já depois de o algemarem, ainda houve agressão, no rosto.

As duas vitimas tentaram ver identificações dos agentes e não conseguiram, porque os agentes esconderam as placas de identificação nos bolsos. Os agentes nunca lhes pediram identificação.

A Laura entrou no carro-patrulha, com empurrões. Vasco estava no chão ainda a ser agredido e algemado, foi levado também à força para dentro da viatura.

Nunca lhes foi dito para onde iam, e nem a razão pela qual os estavam a deter

Foram levados para a esquadra da PSP da Praça do Comércio. Os policias estacionaram à porta da esquadra. Entraram na esquadra algemados. Foram levados para uma sala. Todos os policias que estiveram na agressão perto do Largo Camões deslocaram-se também para a esquadra. Dentro da esquadra estava pelo menos mais um policia, ao qual as vitimas tentaram também identificar, sem sucesso, não estando nenhum dos policias identificados.

Mandaram as vitimas sentar, sempre algemados.

Laura disse que queria falar com um advogado, pedindo para fazer um telefonema, ao advogado ou à família. O agente/ policia 1 diz que ela não estava detida e por isso não tinha direitos. Ao mesmo tempo os outros policias dizem para ela se calar. Nessa altura o policia 1 dá-lhe um estalo. Laura pediu para deixarem o Vasco ir se embora, porque se tivessem alguma acusação seria a ela por causa do ruído, e não ao Vasco, que não teria causado nenhum tipo de distúrbio. Eles disseram que só deixariam sair o Vasco se ela se calasse.

Vasco disse que queria apresentar queixa, e os agentes responderam em jeito de troça, até que finalmente um dos agentes (o mais novo, cabelo castanho claro), chamou-o para outra secretária, onde o policia estava a teclar no computador, não lhe perguntando nada, não lhe pedindo identificação, não assinou nada.

Entrou o policia à Paisana 2, que disse à Laura que seria melhor acalmar-se e calar-se porque sairiam mais facilmente. Laura e Vasco pediram para ir a casa de banho. Vasco pediu para beber água, o policia a paisana 1 negou, e depois o policia a paisana 2 desalgemou-os e acompanhou-os à casa de banho.

Quando Vasco e Laura entraram na esquadra, já tinham marcas visíveis de agressão por parte dos agentes feitas na rua, em local já exposto. Nunca foi oferecida ajuda médica, não chamaram a ambulância, nem nenhum tipo de transporte para o Hospital.

Depois disseram que eles se podiam ir embora

Saíram da esquadra às 4 e 30, depois de cerca de meia hora.

Quando saíram, a Laura ligou a uma amigo (Fábio Salgado) que os aconselhou a ir imediatamente para o hospital. Chamaram um táxi, e foram para o hospital mais próximo, S. José. O Vasco, no hospital disse que foi agredido por policias, e foi examinado, tendo lhe sido diagnosticado vários ferimentos; cabeça partida, mandíbula partida que foi sujeita a cirurgia, e várias nódoas negras no corpo. Mais tarde também Laura foi examinada no mesmo hospital. Foram-lhe diagnosticadas escoriações ao nível do lábio inferior e pálpebra esquerda; hematoma ao nível do cotovelo esquerdo e porção posterior da orelha esquerda.

27/05/2010

Violência Policial no Bairro Alto

Na passada terça feira dia 25 de maio, os estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Laura Diogo (18 anos) e Vasco Dias (19 anos) foram vitimas de violência por parte de agentes da PSP destacados para a zona do Bairro Alto, em Lisboa. Mais uma vez alguns policias de segurança publica demonstraram que são incapazes de lidar com a responsabilidade que lhes é concedida e o resultado foi o internamento de Vasco no hospital e posterior intervenção cirúrgica ao maxilar.
Há muito que convivemos regularmente com episódios desta espécie e chegou altura de dizer BASTA!! e exigir às respectivas autoridades que tomem providências no sentido de apurar responsabilidades e evitar que violência indiscriminada por parte de agentes da autoridade se torne um acto regular e usual. Com a criação deste blog esperamos despertar a atenção para um problema que ameaça substancialmente as estruturas democráticas necessárias ao bom funcionamento de um Estado de Direito e que nos parece indispensável solucionar de modo a que possamos a aperfeiçoar nossa sociedade civil.

PSP recusa-se a admitir agressões a estudantes no Bairro Alto

Ao pai do jovem que se encontra hospitalizado, a polícia recusa identificar os agentes presentes no local do espancamento. Vasco Dias ficará internado durante 3 semanas. Bloco questiona Ministro da Administração Interna.
Vasco Dias depois da intervenção cirúrgica. Foto de Filipa 
Gonçalves.
Vasco Dias depois da intervenção cirúrgica. Foto de Filipa Gonçalves.
Vasco Dias e Laura Diogo foram espancados na madrugada desta terça-feira por quatro polícias fardados e não identificados, no Bairro Alto, em Lisboa, após serem repreendidos por um polícia à paisana. O relato foi feito pela jovem estudante que diz ter sido insultada e sofrido agressões várias e que se encontra neste momento bastante abalada psicologicamente.
O jovem estudante não pode falar nem relatar o que aconteceu, uma vez que teve de ser submetido a uma cirurgia ao maxilar fracturado devido às agressões. Uma amiga sua, Filipa Gonçalves, visitou-o esta tarde e contou ao esquerda.net que Vasco se encontra agora internado no Hospital de S. José, em Lisboa. A recuperação do jovem durará três semanas, durante as quais permanecerá no hospital com a boca imobilizada, “tendo de se alimentar através de uma palhinha”. Para além de condicionado fisicamente, Filipa Gonçalves disse que encontrou o amigo “muito perturbado e fragilizado por causa do que aconteceu”.
O pai do estudante hospitalizado, trabalhador emigrante na Suíça, deslocou-se a Lisboa para acompanhar o filho e esteve, esta quarta-feira, na esquadra da Praça do Comércio para onde foram levados os dois jovens. Foi recebido pelo Chefe Borralho que repetiu a versão policial já divulgada na imprensa de que “nada aconteceu, nem na rua, nem na esquadra”. Para além disto, a PSP recusou ao pai do Vasco a entrega de um pedido de identificação do grupo de agentes presentes no local do espancamento.
Ao jornal Público, a PSP contou a sua versão dos factos: “Os jovens foram abordados porque houve uma comunicação de uma moradora que se queixava do barulho feito por jovens que estavam a pontapear caixotes do lixo na rua”, explica fonte da polícia. O agente que se deslocou ao local às 3h15, “devidamente identificado”, advertiu a jovem mas ela “recusou-se a acatar a ordem” e “recusou identificar-se”, sublinha a mesma fonte. “Os jovens foram levados para a esquadra porque não quiseram identificar-se no local”, garante a polícia. E acrescenta: “não lhes foi dado qualquer tipo de assistência porque não houve agressões por parte de nenhum dos agentes”.
Esta versão é integralmente contestada pelos jovens estudantes que reafirmam que em nenhum momento os agentes da polícia aceitaram identificar-se. As marcas das agressões são bem visíveis e falam por si.

A deputada Helena Pinto, do Bloco de Esquerda, já dirigiu ao Ministro da Administração Interna uma pergunta para esclarecer urgentemente o que se passou com os jovens por considerar “evidente que a abordagem dos agentes da PSP excedeu em muito a necessidade objectiva de “controlar dois jovens que faziam muito barulho” e teve consequências muito graves”.
Na pergunta, a deputada do Bloco refere que “persistem relatos de cenas de violência policial completamente despropositada e sem nenhuma explicação directa” e que “estas cenas colocam em causa direitos fundamentais dos cidadãos que a PSP deveria proteger e não são admissíveis numa sociedade democrática”.
Neste sentido, o Bloco pergunta ao Ministério da Administração Interna (MAI) sobre as medidas que este irá tomar, de modo a identificar estes agentes da PSP e se irá proceder disciplinarmente e criminalmente. Além disso, Helena Pinto pergunta também sobre as medidas que o MAI irá implementar “de modo a colocar um fim aos abusos de uso da força por parte de agentes da PSP”.

Na foto, as marcas de agressão no braço de Laura Diogo.

Marcas de agressão no braço de Laura Diogo. Foto de Filipa 
Gonçalves.

Bloco questiona Rui Pereira sobre agressões de polícias no Bairro Alto

notícia de tvi24

Detido chefe da PSP do Porto
O Bloco de Esquerda dirigiu, esta quarta-feira, uma pergunta ao Ministério da Administração Interna sobre os dois jovens que foram espancados por polícias no Bairro Alto, notícia que foi avançada pelo tvi24.pt.
Os bloquistas consideram que a PSP cometeu um «excesso» ao tentar controlar o barulho que os jovens faziam. «Parece evidente que a abordagem dos agentes da PSP excedeu em muito a necessidade objectiva de controlar dois jovens que faziam muito barulho e teve consequências muito graves», diz o BE em comunicado.
Na questão assinada pela deputada Helena Pinto, o Bloco sublinha que «persistem relatos de cenas de violência policial completamente despropositada e sem nenhuma explicação directa». «Estas cenas colocam em causa direitos fundamentais dos cidadãos que a PSP deveria proteger e não são admissíveis numa sociedade democrática», critica.
PSP desmente ter espancado jovens no Bairro Alto
O BE quer explicações sobre a «força brutal e desproporcionada» contra dois jovens, por que razão não foram estes identificados na esquadra e por que não foram encaminhados para o hospital.
«Quais as medidas que o MAI vai tomar, no imediato, de modo a identificar estes agentes da PSP e proceder disciplinarmente e criminalmente?», questiona o Bloco de Esquerda, que pede ainda um esclarecimento sobre as medidas que o MAI vai implementar «de modo a colocar um fim aos abusos de uso da força por parte de agentes da PSP».

26/05/2010

PSP desmente ter espancado jovens no Bairro Alto

notícia de tvi24

Esquadra da PSP (arquivo)A PSP desmentiu esta quarta-feira ter agredido dois jovens na madrugada desta terça-feira, no Bairro Alto, em Lisboa. Os jovens contaram à tvi24.pt que foram agredidos por vários polícias e fonte hospitalar confirmou que uma das vítimas foi obrigada a uma intervenção cirúrgica ao maxilar.
Em declarações ao tvi24.pt o Comando da PSP de Lisboa explicou que a polícia «foi chamada à 3:15 por uma testemunha que viu os dois jovens a pontapear caixotes do lixo e a bater-lhes com um pau». Segundo a mesma fonte, chegados ao local, os agentes mandaram-nos parar. «O senhor acatou de imediato a ordem, mas a senhora continuou a pontapear os caixotes do lixo, provocou os agentes e recusou identificar-se».


Jovens queixam-se de terem sido espancados por polícias
A PSP afirma que os dois jovens foram então levados à esquadra para identificação, de onde saíram às 4:25. A mesma fonte garante que não houve agressões e, questionada sobre o facto de um dos jovens ter sido depois hospitalizado e submetido a uma cirurgia, afirmou: «O indivíduo não pediu auxílio, nem a polícia considerou haver motivos para pedir ajuda médica. Se foi hospitalizado, foi pelos próprios meios depois de sair da esquadra», adiantou.
A PSP nega ainda a existência de qualquer queixa de agressão contra os agentes por parte dos dois jovens.

Jovens acusam polícia de agressões, mas PSP nega

Notícia de Marisa Soares para o Público


Dois jovens garantem que foram espancados, na madrugada desta terça-feira, no Bairro Alto, em Lisboa, por agentes da PSP. Uma das vítimas teve de se submeter a uma intervenção cirúrgica ao maxilar e está actualmente internada no hospital de São José, em recuperação. Contactada pelo PÚBLICO, a PSP nega as agressões.


Jovem foi operado no S. José, onde continua a recuperarJovem foi operado no S. José, onde continua a recuperar (Enric Vives-Rubio/arquivo)


Vasco Dias, 19 anos, e Laura Diogo, 18 anos, estavam perto do Largo Camões quando a jovem começou a “cantar” e a fazer “percussão” num caixote do lixo. “Um indivíduo à civil abordou-me de forma agressiva e disse para eu parar, mas não se identificou. Eu reagi e ele deu-me um estalo e um murro”, contou Laura ao PÚBLICO.

Entretanto surgiram mais polícias, estes já “com as fardas azuis, mas sem a placa identificativa”, diz a jovem. O Vasco veio depois, “perguntou o que se passava e eles atiraram-no para o chão e começaram a pontapeá-lo”, enquanto ela própria era alvo de agressões, acrescenta.

PSP nega agressões

Os jovens foram depois levados para a 2ª esquadra da Praça do Comércio, onde Laura diz que não foi identificada. Ainda tentou falar com os pais, mas negaram-lhe qualquer telefonema porque “como não estava detida, não tinha esse direito”. Depois de cerca de uma hora na esquadra, os dois dirigiram-se ao hospital de São José de táxi, e Vasco foi imediatamente internado porque tinha o maxilar fracturado, tendo sido operado na terça-feira à tarde.

Contactada pelo PÚBLICO, a PSP conta uma outra versão dos factos. “Os jovens foram abordados porque houve uma comunicação de uma moradora que se queixava do barulho feito por jovens que estavam a pontapear caixotes do lixo na rua”, explica fonte da polícia. O agente que se deslocou ao local às 3h15, “devidamente identificado”, advertiu a jovem mas ela “recusou-se a acatar a ordem” e “recusou identificar-se”, sublinha a mesma fonte.

“Os jovens foram levados para a esquadra porque não quiseram identificar-se no local”, garante a polícia. E acrescenta: “não lhes foi dado qualquer tipo de assistência porque não houve agressões por parte de nenhum dos agentes”.

A deputada Helena Pinto, do Bloco de Esquerda, vai dirigir ao ministro da Administração Interna uma pergunta para esclarecer o que se passou com os jovens.

No Facebook foi já criado um grupo de apoio “Contra a Violência Policial”, que tem já mais de 900 membros, e está prevista para hoje, às 23h, uma reunião de jovens no Rossio para discutir uma eventual concentração contra a violência policial no próximo domingo, em Lisboa.

Jovens Espancados por Polícias no Bairro Alto

notícia tvi24

Violência [arquivo]
Dois jovens garantem que foram espancados, na madrugada desta terça-feira, no Bairro Alto, em Lisboa, por vários polícias, tendo sido uma das vítimas obrigada a uma intervenção cirúrgica ao maxilar.
Vasco Dias, 19 anos, e Laura Diogo, 18 anos, encontravam-se perto do Largo Camões quando a jovem começou a fazer «percussão» num caixote do lixo. «Um indivíduo à civil, que não se identificou, começou a mandar-me calar em tom agressivo e a chamar-me nomes. Até me deu um estalo», contou Laura ao tvi24.pt.
Eram cerca das 3h30 e surgiram então «mais polícias», «com a farda azul da PSP», mas que «não estavam identificados». «Eu tentei olhar para as placas com os nomes e não as vi», garantiu.
O jovem tentou ajudar a amiga, mas, segundo esta, «atiraram-no para o chão e espancaram-no», enquanto ela própria era alvo de mais agressões. «Nem falaram com ele. E depois fomos algemados e levaram-nos para a esquadra da Praça do Comércio num carro normal da PSP», acrescentou.
Laura não foi identificada e tentou falar com os pais, mas negaram-lhe qualquer telefonema porque «não estava detida, logo não tinha direitos». Os dois estudantes estiveram cerca de uma hora na esquadra, «com os polícias sempre a insultarem-nos e a mandarem-nos calar». Confirmou ainda que o «indivíduo à civil» era, afinal, um agente, porque o viu depois na esquadra.
Vasco foi separado da amiga, porque «quis apresentar queixa», e tudo terminou com um outro agente «à paisana» a «acalmar as coisas» e a mandá-los embora. Os jovens apanharam então um táxi para o hospital de S. José e Vasco Dias teve mesmo de ser submetido a uma cirurgia porque se encontrava com o maxilar fracturado, conforme confirmaram fontes hospitalares ao tvi24.pt.
«Eu vou fazer queixa. Estou neste momento no hospital, onde me vão fazer exames porque tenho alguns ferimentos superficiais e depois vou apresentar queixa», reforçou Laura.
O tvi24.pt tentou contactar Vasco Dias para confirmar em que modos a queixa foi apresentada, mas o jovem, que continua internado, não consegue falar. «Durante duas a três semanas ele vai ter de estar de boca fechada e come por uma palhinha», revelou Filipa Gonçalves, uma amiga que visitou o alegado agredido.
Da parte da PSP, ainda não foi possível obter qualquer informação, com várias fontes a garantirem não ter qualquer «conhecimento» do incidente. No entanto, ficou a garantia de que esta quarta-feira será emitido um comunicado com esclarecimentos.
Ao que o tvi24.pt apurou, o Bloco de Esquerda está a preparar uma posição sobre o caso e poderá haver mesmo uma interpelação ao ministro da Administração Interna.

Estudantes agredidos por polícias em Lisboa

Vasco Dias, 19 anos, e Laura Diogo, 18 anos, foram espancados no Bairro Alto após serem repreendidos por um polícia à paisana. O estudante foi operado no hospital de São José com o maxilar fracturado.
Vasco e Laura, os jovens agredidos pela polícia em Lisboa. Foto 
João Galamba
Vasco Dias e Laura Diogo. Foto: João Galamba
Vasco e Laura, os jovens agredidos pela polícia em Lisboa. Foto João Galamba
Segundo a estudante Laura Diogo, ela encontrava-se no Bairro Alto, próximo ao Largo de Camões, quando foi interpelada por um indivíduo que, de forma agressiva e ofensiva, pediu que fizesse silêncio. Relata a estudante que após uma breve discussão, apareceram cerca de quatro polícias fardados e não identificados, no mesmo momento em que o seu amigo Vasco foi imediatamente atirado para o chão, onde recebeu diversos pontapés.
A estudante foi ainda agredida com chapadas e murros antes de ser algemada. Ambos foram levados para a esquadra da Praça do Comércio, onde lhes foi negada a possibilidade de fazer um telefonema, sob o argumento de que ambos não estavam detidos “e portanto não tinha direitos”.
Segundo o relato da estudante, ela e o amigo foram separados na esquadra, onde diferentes agentes os interrogaram. A estudante afirma ainda ter sido novamente agredida e ofendida.
Por volta das 4h30 da manhã foram libertados e puderam apanhar um táxi até o hospital de São José, onde o estudante Vasco passou por uma cirurgia. O estudante teve o maxilar fracturado, lesão que, segundo fontes médicas consultadas pelo esquerda.net, só pode resultar de agressões com um elevado grau de violência.